A popularidade das Quadrilhas Estilizadas

Campina Grande, 1 de junho de 2012

Nos últimos anos as quadrilhas juninas sofreram drásticas transformações nas suas performances. No lugar das tradicionais representações matutas, vêm se destacando a chamada “quadrilha estilizada”, que encheu de novos elementos um dos maiores símbolos do São João. São utilizados cenários, roupas e adereços luxuosos, músicas e até enredos próprios. As apresentações se assemelham, cada vez mais, ao modelo utilizado pelas escolas de samba de São Paulo e Rio de Janeiro.

A popularização desses novos elementos nas quadrilhas revolucionou e dividiu opiniões; o público quer ver o espetáculo, os estudiosos e pesquisadores criticam este fenômeno. Alguns acreditam que as quadrilhas estilizadas estão se distanciando das raízes, ocasionando uma gradativa perda de identidade. Como também há quem defenda que tais transformações sejam estratégias para trazer de volta o prestígio das antigas quadrilhas e impedindo assim o seu esquecimento.

À parte do debate, as agremiações tem se dedicado na disseminação dessa fórmula nas comunidades em que estão inseridas. Silvana dos santos, integrante e dançarina da Quadrilha Junina Cestinha de Flores, diz que o gosto da população mudou durante os anos. “A encenação do Casamento Matuto é a prova de o público gosta do espetáculo. É isso que faz com que eles compareçam e prestigiem a apresentação.”

Ela ainda afirma que as quadrilhas estão passando por esse processo de estilização por um simples modismo, já que muitas delas fazem isso por causa dos concursos e competições. “Eu ainda prefiro a quadrilha matuta. Acho que quando fala em quadrilha a gente já pensa em chapéu na cabeça, duas “chiquinhas”, vestido, bolinha no rosto. E não é o que vemos mais hoje. As principais características estão sendo perdidas”, explica.

Por sua vez, Walfrido Porto – ex-diretor e cenógrafo da quadrilha Moleka 100 Vergonha por sete anos – acredita que este é o futuro das quadrilhas juninas. “Eu vejo que este é um caminho sem volta. Pode até ser que estes grupos voltem a empregar as características das quadrilhas, mas nos dias hoje, posso dizer que essa moda de estilização está com bastante força.” Walfrido ainda falou de uma de suas experiências nas quadrilhas que trabalhou. “Já cheguei a construir um carro alegórico. E é isso que a massa quer. Ou seja, um grande show”, concluiu.

Edição: Jaime Guimarães

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