Antônio Dean: o marujo da cultura popular hoje no Parque do Povo

Campina Grande, 22 de junho de 2015  ·  Escrito por Nayara Cardoso e Bianca Mariano  ·  Editado por Ivan A. Costa  ·  Fotos de Nayara Cardoso

O Arraia do Sesi apresenta hoje às 21h no Parque do Povo o poeta cantador Antônio Dean e o grupo canto da marujada. Um espetáculo formado pelas recriações do próprio artista sobre os ritmos brasileiros contado através da Músicalidade da Odisseia  Nau Catarineta.

deanApaixonado pela cultura popular Dean procurou desde muito cedo propagar os folguedos e manifestações mais históricas do Brasil, em especial da região Nordeste, sendo inspirado pelas cantigas de roda e peças teatrais desenvolvidas ainda por sua mãe quando jovem. Hoje o músico também formado em Direito, apresenta além da Marujada outros ritmos oriundo da colonização portuguesa como o coco, xote e o fado.

E o Repórter Junino esteve com Antônio Dean em uma entrevista exclusiva, sobre seu trabalho, os manifestos da cultura popular e a musicalidade no maior São João do Mundo. Confira:

Repórter Junino: Como nasceu a ideia de desenvolver música baseado em folguedos?

Antônio Dean: “Durante muito tempo, observei todo o canto popular produzido em minha terra, o reisado, do interior do poço de uma cidade chamada Pequeninho na Bahia aos reis de boi e a marujada pelas lembranças da minha infância, onde minha mãe exerceu papel de extrema importância. Mesmo sem saber ela ensinou através de seus cantos a importância de cada gesto da nossa cultura, e tudo isso ficou registrado em minha memória”.

Repórter Junino: E por que a escolha da Marujada, como trabalho principal?

Antônio Dean: “A marujada é a minha verdadeira paixão. Eu pesquiso essa Nau Catarineta que predomina em minha memória desde a infância, já há 40 anos. Pesquisei como seria essa marujada, como nasceu, e ao iniciar deparei-me com o teatrólogo português, Almeida Garrett que disse que no período da colonização uma nau se perdeu podendo ter ido para o Oriente ou para o Brasil. Fico com a viagem para o Brasil, afinal sou brasileiro. Não tenho dúvida que a marujada foi um dos primeiros folguedos a ser cantado em terras tupiniquins”.

dean 3Repórter Junino: No início deste mês, o Grupo Canto da Marujada se apresentou no Folkcom. Como foi participar apresentando a Marujada em um dos maiores eventos da Folkcomunicação?

Antônio Dean: “Foi maravilhoso! Logo que fiquei sabendo liguei para o professor Custódio que prontamente não hesitou em disponibilizar um espaço, e uma das coisas que mais marcou nossa participação foi quando o professor Luís Custódio fez a ressalva sobre o projeto ‘a marujada de Antônio Dean, é um trabalho belíssimo’. Como é bom ter o seu trabalho reconhecido”.

Repórter Junino: Como você analisa os ritmos tocados na realização das festas de São João, seja ela, em Campina Grande ou nas regiões circunvizinhas?

Antônio Dean: “A nossa sociedade vem passando por fenômenos que só cabe a ela analisar. Em minha opinião musica é tudo aquilo que agrada o seu humano, o que acontece é que estamos vivenciando um período social capitalista. Não podemos condenar esses estilos, afinal eles têm um público. O que deve ser feito?  Estas bandas devem permanecer desde que ao chegar às festividades tradicionais, o foco principal passe para a cultura raiz, para o folclore em massa. Além de exaltar os verdadeiros símbolos juninos: a figura do milho e os santos eixos centrais da festa”.

O espetáculo “Canto da Marujada” que será apresentado hoje no Parque do Povo já existe há 4 anos. Formado por Antônio Dean (Voz e Violão), Kleiton (pandeiro), Rafael Vieira (cavaquinho e pandeiro) e pela professora Cláudia (flauta, acordeom e violão). Para o poeta além de grandes músicos são ótimas pessoas, fazendo a arte pelo real sentido da arte. “Não buscamos status ou dinheiro, apenas que nosso trabalho seja reconhecido e que possa agregar conteúdo na sociedade”, conclui.

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