Resgate à cultura nordestina em sarau junino “Raízes de Junho”

Campina Grande, 23 de junho de 2015  ·  Escrito por Anthony Souza e Juliana Rodrigues  ·  Editado por Klauber Canuto  ·  Fotos de Anthony Souza
No detalhe, Artur Alves improvisando com seu pandeiro (Foto: Anthony Souza)

No detalhe, Artur Alves improvisando com seu pandeiro (Foto: Anthony Souza)

“Nossas raízes nos mantêm vivos. Preservar as raízes é preservar a própria vida. E é nesse clima, frio por fora e quente por dentro, que iniciamos esse sarau junino”, e com essas palavras, e outras mais, que Samelly Xavier deu início oficialmente ao sarau “Raízes de Junho”, no Abrigo Maringá, localizado na cidade cenográfica do Parque do Povo (PP), nesta noite de segunda (22).

O evento

Iniciado pouco depois das 19h, ele objetivou enaltecer a tradição popular nordestina, com apresentações de repente, cordel, poesia, música, dança e encenações. Alunos e ex-alunos do Curso de Leitura e Escrita Samelly Xavier (CLESX), além de vários convidados ilustres, revezaram-se no pequeno palco para um público modesto.

Samelly Xavier e Artur Alves abrindo o evento (Foto: Anthony Souza)

Samelly Xavier e Artur Alves abrindo o evento (Foto: Anthony Souza)

Artur Alves Carvalho, 16, encantou a todos com seus improvisos no repente, causando risos e admiração alheia. Em seguida, crianças, ou melhor, quatro cordelistas mirins declamaram seu folheto de forma compassada acompanhados pela professora. Na sequência, o Coroné Grilo subiu ao palco para contar alguns causos matutos, sendo-lhe entregue uma faixa de “Melhor Coroné do Mundo”.

A entrega de faixas se seguiu ao final de cada participação especial no evento. Os cordelistas Maria Evangelista e Rodrigo Apolinário receberam, pela ordem, as faixas de Rainha e Rei do Cordel, cada um deles utilizou seu tempo para explicar e mostrar a beleza dos folhetos na cultura popular do Nordeste como promotora dos acontecimentos e dos pensamentos do nordestino, especialmente os temas mais triviais, que não deixam de ser importantes.

Em momento de interação com o público, pessoas aleatórias da plateia foram convidadas a declamar alguns estrofes de cordéis, fato que gerou mais risos de quem assistia e demonstrando timidez por parte dos declamadores Em ritmada apresentação de dança, três moças do Estúdio de Dança Fernanda Barreto mostraram seus passos no maracatu, recebendo as faixas de “Dançarinas Arroxadas”. Cláudia Ramos, esteticista natural de Itabaiana/PB, recitou poesias à atenta plateia presente e ganhou a faixa de “Mulé Sabida”.

Na música, foram destaque a cantora Rafaela Nobre, que recebeu a faixa de “Maria da Voz Bonita” pelo seu aclamado timbre na canção de Flávio José, “Tareco e Mariola”, e Adília Uchôa, recebendo a faixa de “Cantora da Voz Arretada”, cantando o mesmo compositor, agora pela música “Filho do Mundo”.

Para encerrar com chave de ouro, Stelio Mendes e a filha, Yasmin Mendes, fizeram um dueto em última apresentação de cordel da noite. Com maestria, cada estrofe era falada ao microfone e repassada ao outro que complementava o anterior em perfeita sintonia, justificando as faixas recebidas de “Cabra Arroxado da Peste” e a “Fia do Caba da Peste”. O Trio Balanço de Canoa, de Cubati/PB, que durante todo o evento esteve tocando entre atrações, finalizou a fria noite de cultura popular no Quartel General do forró.

O Projeto

Essa foi a primeira edição do sarau no PP. “Raízes de Junho” faz parte de um projeto homônimo, realizado pelo CLESX, que existe desde 2011, e geralmente no mês de junho promove um objetivando resgatar a cultura nordestina. “A proposta surgiu do CLESX, para trazer conhecimento, aprendizado de uma forma mais lúdica e mais ampla, levando cultura pros alunos”, explicou Samelly Xavier, coordenadora do mesmo.

Alunos do CLESX declamam cordel autoral (Foto: Anthony Souza)

Alunos do CLESX declamam cordel autoral (Foto: Anthony Souza)

Existem em torno de 30 alunos envolvidos diretamente no projeto; na turma do Gramaticando, de oito a 10 alunos, na turma do aprimoramento, de escrita, que são pré-adolescentes, de 12 a 14, e indiretamente os alunos de pré-vestibular, uma turma que gira em torno de 20 a 30 alunos. Artur Alves, que entrou em 2015, disse que o projeto também busca reaver a história d’O Maior São João do Mundo. “Os jovens atualmente preferem o que é modinha, e o projeto tenta trazê-los para eles se identificarem com alguma coisa, como o verso, o cordel, com a rima, com a poesia, com músicas, etc”, complementou.

O sarau Raízes de Junho é uma culminância do projeto; todo o mês de junho o CLESX traz uma proposta de ação cultural ou social; em março foi trabalhada a poesia lírica, em abril sobre a importância da leitura, em maio sobre o amor transformado em escrita, e agora em junho voltado à cultura popular nordestina.

Convite

Agora em julho, na semana de 13 a 17, o CLESX promoverá vários minicursos, pela manhã e à tarde, referentes à linguagem como um todo, no segundo andar do Yazigi, onde funciona o curso. Haverá, por exemplo, uma oficina de estímulo à criatividade através da escrita, uma oficina de autoimagem e algumas mais pontuais de linguagem, como concordância verbal, nova reforma ortográfica, entre outros aspectos da língua portuguesa.

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