Arraial Itararé promove música e cultura nordestina

Campina Grande, 12 de junho de 2016  ·  Escrito por Ricardo Júnior, Max Marcel e Kermelly Kelly  ·  Editado por Emanuelle Carvalho  ·  Fotos de Max Marcel e Kermelly Kelly
Carlos Perê animou o público com suas músicas

Carlos Perê animou o público com suas músicas (Foto: Kermelly Kelly)

Com apresentação da cantora Sandra Belê e dos humoristas Jerimum e Xique-Xique, foi ao ar às 15hs do sábado (11), o segundo “Arraial Itararé”, também transmitido pela internet através do site oficial da emissora. Durante as três horas de duração, passaram pelo programa nomes importantes no cenário musical nordestino, como Amazan, Carlos Perê, Luizinho Calixto e Marcos Farias, além de outras atrações artístico-culturais.

 O show teve início com Amazan, cantor e compositor, que cantou e animou o público com sucessos, como “É hoje que eu chego amanhã” e “São João tá diferente”, além de cantar uma música nova, “O país que a gente quer”, em que há a retratação da violência no Brasil. Para finalizar, relembrou o pout-pourri “São João do Nordeste” que gravou com seu filho, Luan, fazendo com que todos os convidados presentes dançassem.

 O “Arraial” também contou com a presença do poeta-cantador Carlos Perê, que trouxe toda sua arte para o palco. Tendo como inspiração os grandes nomes da tradição regional, ele fala que a música na verdade funciona como um instrumento de pluralização cultural: “Como também sou professor de arte, trabalho as quatro linguagens artísticas: artes visuais, dança, música e teatro, o fato de ser músico já me facilita o trabalho, e  o compromisso que nós temos com nossas raízes da música nordestina, o próprio alunado já é o termômetro de nossas composições, eu muitas vezes já faço uma música, e já testo na sala de aula com os alunos.”

  Intitulado de cidadão ‘matense’, delegação pessoal para definir sua identidade como pertencente ao distrito de São José da Mata, Carlos se vê no meio artístico como mais uma semente que rendeu bons frutos: “Temos muitos artistas na nossa Boca do Cariri, na nossa região, eu digo Boca do Cariri como sendo São José da Mata, Pocinhos, Puxinanã e Montadas, que são as cidades que fazem fronteira, e nós temos muitos artistas, porém, não sei por que motivo até hoje a visibilidade a esses artistas foi muito pouco dada, eu tive a sorte de ter sido apenas o pioneiro nessa história”, remetendo assim sua importância como artista campinense, mostrando que nossa cidade promove o espaço e a oportunidade para crescimento no ramo cultural.

  A terceira atração ficou por conta de Luizinho Calixto, acompanhado de sua tradicional sanfona de Oito Baixos. Segundo ele, a Paraíba é o estado brasileiro que formou o maior número e também os melhores sanfoneiros desse tipo de instrumento. Hoje em dia, paralelamente à carreira musical, atua como professor em uma escola implantada pela Pró-Reitoria de Arte e Cultura da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A iniciativa, ao qual está à frente, propõe ensinar aos iniciantes, aperfeiçoar a técnica de quem já sabe, e resgatar aqueles que há muito tempo deixaram de tocar.

  Vindo de uma família de instrumentistas, Luizinho chegou a se apresentar na Argentina, na França e em Portugal, divulgando a música e a cultura nordestinas em outros países. “Quando as pessoas descobrem que eu sou paraibano ficam surpresas […] Será que só quem tem o direito de procurar tocar outros ritmos são pessoas de outros estados, e a Paraíba não? Então, estou mostrando para elas o quanto o paraibano e a música são importantes, o instrumento, e a afinação com que os nordestinos tocam, que é única no mundo”, conta ele, orgulhoso da relevância de seu trabalho.

  Encerrando o programa, Marcos Farias, filho da ilustre cantora Marinês, emocionou o público ao homenagear o padrinho Luiz Gonzaga com uma de suas mais famosas canções, “Qui nem Jiló”.

  Iane Queiroz, 37, trouxe os dois filhos na segunda visita feita ao programa, e não poupou elogios: “É muito bom, acolhedor e organizado”. Sobre a escalação dos artistas, acrescenta: “Eu acho importante porque são da terra, então, valoriza a cultura nordestina […] Acho que deve ser mantido [o programa], pois é uma referência e já faz parte de um dos pontos do São João de Campina Grande”.

  Um pouco distante do palco principal, e entre os intervalos comerciais e as performances dos convidados, algumas atrações marcaram presença em um espaço primorosamente decorado aos moldes juninos. Por lá, passaram: o trio de forró “Luiz Carlos e o forró do bom”, cujos integrantes possuem apenas 14 anos; a dupla Will e Condor levou a embolada de coco, gênero musical nordestino que associa poesia e improviso; e o animado Baixinho do Pandeiro. O programa ainda contou com a participação do atual prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, e o deputado estadual Bruno Cunha Lima.

Comentários