Brincantes relatam falta de descarga e produtos de higiene
Reportagem: Karolina Matias e Virgínia Vasconcelos
Fotógrafa: Gabryele Martins
Editora: Gabryele Martins
O Maior São João do Mundo é o título do evento que ocorre por 32 dias, em 2023, na cidade de Campina Grande. O Instituto Ranking Brasil, em julho de 2022, concedeu o título para a cidade e o ChatGPT confirmou posteriormente a titulação. Os longos dias de celebração e número de atrações, entre outras características, garantem a identidade da festa. Conversando com os brincantes, turistas e moradores há algumas reclamações, o banheiro sem descarga, por exemplo, é alvo de críticas e desagrada quem utiliza o serviço.
Apaixonada pelo São João nordestino, a brasiliense Flávia Oliveira, de 52 anos, conta como está sendo sua experiência, é a primeira vez que visita o evento e afirma o descontentamento com a estrutura dos banheiros, elogia o pessoal pela limpeza, pela gentileza e paciência, mas considera inaceitável uma produção tão gigantesca e reconhecida não ter o mínimo de cuidado e atenção à saúde e higiene de quem trabalha e visita a cidade para curtir a programação do Parque do Povo.
“É muito sujo o banheiro, um despreparo que não faz sentido. São 40 anos de festa, um público esperado e não pensarem na higiene? É um absurdo. Sem produto para lavar as mãos, sem descarga, a torneira fui abrir e me molhei inteira, e o papel você pega um pedacinho que é entregue na porta, não esperava por isso, se fosse na rua, não sei, achei que essa parte também recebia atenção”, contou Flávia à nossa equipe.
Outras brincantes que curtiam o evento, Ivy Almeida e Viviane Moura, também elogiaram a empatia dos profissionais da limpeza, o auxílio e a atenção oferecida para utilizar os serviços e espaços, que está no caminho certo para elas, mas que considera a estrutura decepcionante: “Trouxemos nosso papel higiênico de casa, nem sempre há pessoal entregando. Na verdade nem deveria ser assim, era pra estar disponível. Os funcionários são bem atenciosos, mas a estrutura do espaço (banheiro) decepciona”, relataram.
Lembramos da restrição para entrar com papel higiênico (em rolo) no Parque do Povo durante os dias do evento. Assim, fomos até o local e conferimos a entrega de papel higiênico na porta do banheiro, falta de produtos para lavar as mãos e sem descarga funcionando. O público designado “feminino”, que deseja colaborar na manutenção da limpeza, após utilizar o banheiro, deve usar um balde para retirar água de um tambor, os utensílios estão disponíveis no sanitário, ao lado das pias, a responsável da limpeza pode ajudar nessa ação.
“Falta a descarga funcionar, facilita na limpeza, o pessoal que trabalha merece um ambiente de qualidade para eles também, né?!”, disse Gerusa Zenaide, outra frequentadora do Parque do Povo, e continuou: “A estrutura do evento está muito bem organizada, está tudo funcionando bem, só teria que pautar a questão da descarga para higiene de todo mundo”.
Ainda ouvimos idosos, que aproveitam os festejos para dançar e se divertir, e deparam-se com a necessidade de levar álcool em gel e até sabão para auxiliar na limpeza das mãos. Para a pensionista Edileusa Nóbrega, 66 anos, os banheiros sempre deixam a desejar. Ela, que nasceu e mora em Campina Grande, frequenta o Parque do Povo anualmente para curtir o São João, e alega que nessa parte a estrutura nunca foi boa e considera um descaso do poder público com o espaço e pessoas.
“Se a festa é para o povo, como disse o prefeito, por que o povo não pode usar um banheiro decente? Tira os camarotes do chão como prometido e gasta com o banheiro. O pessoal da limpeza fica num lugar com mau cheiro, imagina ficar parada na porta de um banheiro por horas entregando papel e ajudando a jogar água em vasos? Isso é um absurdo, em algum momento precisa melhorar”, critica a aposentada.
