A festa junina tem muitas tradições que são valorizadas por muitos educadores
Repórter: Matheus Farias
Fotografia: Briza Cunha, Tamires Santos e Matheus Farias
Editora: Gabryele Martins
As festas de São João surgiram na Idade Média, quando a Igreja Católica deu um caráter religioso às celebrações pagãs de gratidão pelas boas colheitas. Trazidos ao Brasil pelos portugueses, esses festejos se popularizaram sobretudo na região Nordeste, criando memórias afetivas na vida de muitas pessoas. Quem nunca, por exemplo, dançou em uma quadrilha junina nos tempos de escola? Vários colégios e professores têm passado o legado cultural do São João para muitas gerações de jovens e crianças.
Essas pessoas crescem aprendendo a valorizar a cultura regional, como é o caso do estudante de Jornalismo Joelson de Araújo, que lembra, com saudade, os festejos juninos vividos na infância no distrito de São Miguel, pertencente à cidade de Esperança, brejo da Paraíba: “Era um momento muito divertido. A professora ligava o som no pátio da escola, formava os casais e íamos ensaiar ao som de músicas tradicionais de festa junina. No dia do festejo, as meninas iam com os vestidos e os meninos de camisa xadrez. Toda a escola tinha símbolos juninos”.
Dançar quadrilha é uma atividade escolar comum em várias instituições de ensino, mas muitos professores vão além disso, como é o caso de Cléa Cordeiro, coordenadora do Memorial do Maior São João do Mundo, e que lecionou no curso de Administração em uma faculdade particular de Campina Grande. Nessa época, ela criou um casamento junino diferente com o objetivo de não deixar o nosso forró autêntico cair no esquecimento, além de elaborar outras ações: “Os alunos tinham que criar um projeto para divulgar o trabalho de uma barraca com comida típica. Eles levavam artistas e colocavam em prática o Marketing e a gente já percebia a criatividade de um aluno ou de uma equipe” afirmou Cléa.
Os 40 anos do Maior São João do Mundo estão recheados de histórias de professores que lutaram para que o legado cultural da festa não se perdesse. Uma delas é Margarida da Mota Rocha, ex-secretária de Educação e Cultura do ex- prefeito Ronaldo Cunha Lima. Ela teve um papel importante na criação do evento que projeta a Rainha da Borborema no cenário internacional, como já foi mostrado pelo Repórter Junino e conta, com alegria, da participação dos estudantes campinenses no início dessa história: “ Eu lembro que os alunos de escolas da cidade colocavam bandeirolas lá, ou seja, havia um envolvimento da comunidade muito grande no São João que é esse elemento agregador da juventude”.
Atualmente, Margarida preside a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que também faz ações juninas todos os anos: “Os nossos atendidos vão para o carnaval, São João, 7 de Setembro etc. Eles têm o direito e nós temos o dever de proporcionar inclusão” declara Rocha.
O que esperar, porém, das gerações futuras? Será que elas vão preservar as nossas raízes juninas? Se depender das professoras da Creche Municipal Vovó Clotilde, sim. As educadoras da instituição localizada no Conjunto Cinza, em Campina Grande, sempre fazem projetos voltados para o São João com as crianças que dançam, brincam e se divertem. Uma dessas ações visa resgatar as antigas brincadeiras populares como “pescaria’’, “acertar o alvo” dentre outras e, assim, evitar que os pequenos fiquem muito expostos às telas dos celulares e computadores.
A professora Kércia Elaine falou da importância desses eventos: “Muito importante trazer para as crianças um pouco de nossa cultura nordestina para que se perpetue nas próximas gerações. Nosso trabalho é feito através de músicas, interações e brincadeiras’’.
Dessa forma, nosso São João atravessa os tempos, se inovando com a modernidade, mas sem esquecer do legado das nossas tradições que nos fizeram chegar até aqui, afinal, como dizia o escritor Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” e os professores têm sido fortes na valorização da cultura nordestina.