Margarida da Mota: Uma história de amor pela cultura e educação

Campina Grande, 6 de junho de 2023

Margarida foi Secretária de Cultura na Gestão do prefeito Ronaldo Cunha Lima, na década de 1980

Repórter: Matheus Farias

Fotógrafa: Tamires Santos

Editora: Gabryele Martins


Margarida teve papel fundamental na criação do Maior São João do Mundo. Foto: Tamires Santos/Repórter Junino

Margarida da Mota Rocha é uma das maiores defensoras do nosso autêntico São João. Iniciou sua vida acadêmica na então URNE, atual Universidade Estadual da Paraíba e hoje está à frente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Natural de Campina Grande, morou em Natal e no Recife, mas nunca esqueceu suas raízes na Rainha da Borborema e há 70 anos mora na mesma casa no centro da cidade. Foi nesse espaço cheio de natureza, arte e cultura, que ela nos contou suas memórias da época em que nosso Maior São João do Mundo surgiu. Confira os principais trechos da nossa conversa:

No início do Maior São João do Mundo, não havia a infraestrutura que temos hoje. Havia um Palhoção em um terreno com muita lama e outros problemas. Que lembranças a senhora tem desse período enquanto Secretária de Educação e Cultura da Prefeitura à época?

Antes do Parque do Povo, o São João em Campina se concentrava nos bairros. Então, nós tínhamos uma senhora chamada Lenira Rita que morava no José Pinheiro e ela fazia uma quadrilha lá. Havia também a célebre quadrilha de Dona Carmita Araújo na Rua da Floresta e outras festas juninas no Centro, Bodocongó, ou seja, em vários lugares. Quando Ronaldo Cunha Lima me convidou para ser Secretária de Cultura e Educação , eu quis estimular essas festas com um São João diferente. Eraldo César era o diretor de Cultura e eu fui ao prefeito Ronaldo sugerir que ele criasse uma barraca para o São João no espaço dos Coqueiros de Zé Rodrigues, onde hoje é o Parque do Povo. Era uma lama danada porque era ali o sangradouro do Açude Novo e a gente mandava colocar brita e pedregulhos para o pessoal dançar, mas do meio para o fim da festa já estava tudo na lama e tinha que colocar outra camada de brita. Era um trabalho insano, mas feito com muita força. Depois Ronaldo chamou Carlos Alberto, grande arquiteto de Campina, para fazer a Pirâmide e tudo isso é muito gratificante.


Margarida sempre valorizou as festas juninas nas comunidades. Foto: Tamires Santos/Repórter Junino

No começo da festa, como era a estrutura do Parque do Povo?

Era muito singela. Não havia cidade cenográfica e palcos como hoje. Tinha só as barracas que eram montadas de acordo com o gosto do comerciante. A parte de baixo não era usada. As apresentações eram na Pirâmide e bem no início em cima de um caminhão. Depois se pensou no palco principal e em outras estruturas.

Com a criação dessa festa, a Prefeitura continuou apoiando as festas juninas nos bairros de Campina?

Sim, porque o São João é uma festa da Família.Tinham várias barracas ali que eram geridas por famílias. Minhas filhas mesmo montaram uma lá. Eu lembro que os alunos de escolas da cidade colocavam bandeirolas lá, ou seja, havia um envolvimento da comunidade muito grande no São João que é esse elemento agregador da juventude.

Como a senhora acha que foi possível tornar nosso São João o maior do Mundo?

Ele era o maior do Mundo por causa da duração: 30 dias e isso foi Eraldo César que sugeriu. Eu acho que a festa cresceu muito no centro da cidade e nós trabalhamos muito para ela crescer e para que não morressem as iniciativas dos bairros. Chegamos a ter mais de 200 quadrilhas nas comunidades e a prefeitura dava o kit para elas se apresentarem. A gente dava o trio de forró, iluminação e decoração. Algumas empresas nos ajudavam e o Governo do Estado dava a segurança que era mínima já que não tinha a violência que tem hoje e nós buscamos divulgar muito essa festa em outras cidades bem como em outros estados. 

Como a senhora se sente enquanto professora e ex-secretária de Cultura de Campina Grande, ao ver o Maior São João do Mundo completar 40 anos?

São muitas lembranças boas já que o São João não é da secretaria de Cultura e sim do povo. Eu lembro que a equipe que trabalhava comigo era muito engajada. Todos davam ideias e buscavam soluções para os problemas que havia. Muitas pessoas boas passaram pela festa e relembrar isso é muito bom.

Falando agora sobre a APAE, haverá festa junina na instituição esse ano?

Sim, pois a APAE se envolve com todos os eventos da cidade. Os nossos atendidos vão para o carnaval, São João, 7 de Setembro etc. Eles têm o direito e nós temos o dever de proporcionar inclusão.

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