Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+: diversidade no São João e luta por igualdade

Campina Grande, 29 de junho de 2023

Reportagem: Letícia Ferreira

Fotografia: Débora Andrade

Edição: Louyz Rodrigues

O dia 28 de junho celebra em todo o mundo a diversidade e as conquistas da comunidade LGBTQIA+. O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é uma data importante para reafirmar a luta por direitos e respeito dentro da sociedade, e relembrar as vitórias históricas, como o próprio surgimento da data.

Casal curte atrações do maior São João do mundo. Foto: Débora Andrade / Repórter Junino

O período refere-se ao movimento ocorrido em 1969, que ficou conhecido como a “revolta de Stonewall”. Localizado em  Nova York o Stonewall Inn, era um dos bares gays mais conhecidos da cidade, em uma época onde as relações entre pessoas do mesmo sexo eram consideradas crime, o bar abria suas portas para os marginalizados e excluidos pela sociedade americana. Na madrugada do dia 28 de junho, após ser invadido diversas vezes por policiais sob falsas acusações, o bar teve vários de seus frequentadores e funcionários detidos e agredidos. Mas dessa vez, o violento ataque policial gerou mais revolta do que nunca, levando grande parte da comunidade LGBTQIA+ às ruas de Nova York, as manifestações duraram seis dias e  reuniram milhares de pessoas que confrontaram autoridades e mostraram o orgulho de ser quem eram. A data virou símbolo de resistência e nos próximos anos passou a ser relembrada em diversas manifestações de Orgulho Gay, hoje as comemorações são realizadas em todo o mundo, com marchas, desfiles, eventos culturais e atividades de conscientização.

Em uma comemoração tão tradicional como o Maior São João do Mundo, é possível enxergar a beleza da diversidade por todo lado, e é indispensável que em uma festa tão grande a inclusão não seja apenas superficial, é necessário oferecer um ambiente seguro e acolhedor, que respeita as diferentes sexualidades e as diferentes expressões do ser, além de  fortalecer o laço entre comunidade e tradição, reforçar o compromisso com a defesa pela liberdade de existir.

Noite do dia 28 reúne amigos. Foto: Débora Andrade / Repórter Junino

Nesta quarta-feira (28), dia que representa a luta e a força dessa comunidade, o Repórter Junino conversou com pessoas LGBTQIA+ que passavam pelo Parque do Povo, a respeito de suas vivências e opiniões. Para alguns como Micael Fernandes, de 19 anos, a homofobia é palavra desconhecida: “Olha, não, eu nunca passei por nenhum tipo de preconceito, ainda não, graças a Deus.”

Mas para a grande maioria que faz parte da comunidade LGBTQIA+ relatos como esse, são exceção. Iane Freitas (17), relata que a experiência cotidiana é difícil: “Já passei por várias situações na verdade, porque nós que somos LGBT passamos por situações de homofobia não só em um dia, mas diariamente”. Questionada sobre o combate a homofobia, Iane tem um palpite: “Eu acho que amor e empatia ao próximo, acho que esse é o primeiro passo para mudar isso.”

Dupla se diverte no parque do povo. Foto : Débora Andrade / Repórter Junino

Renaly Neves de 25 anos conta que com o passar dos anos, as coisas mudaram: “Hoje em dia nem tanto, mas já passei por muita descriminação, muitas situações delicadas que ocorriam assim, diariamente, mas vem diminuindo um pouco, claro que ainda existe, mas melhorou. Eu acho que falta noção nas pessoas, as pessoas vêem muito o próximo e não olham pra si né?”

Alguns pedem para que o nome não seja divulgado, pois a família não sabe: “Eu não sou assumido, né? O preconceito dói, ainda mais quando vem de casa, dos outros o que eu escuto é piada, os amigos fazem brincadeiras, mas também é preconceito.”

Sobre o São João na cidade, os entrevistados, afirmam não terem passado por nenhuma situação discriminatória.

De acordo com dados da Secretaria da mulher e Diversidade humana, entre 2017 e 2022, a Paraíba registrou 68 casos de mortes violentas de pessoas LGBTQIA+, e foi eleito como o quarto estado do Nordeste e o décimo do país, com maior número de assassinato a pessoas trans, contabilizando 31 assassinatos no período de seis anos analisados. 

Os números reforçam o que já sabemos, o preconceito não dorme, em razão disso, a Paraíba vem implementando políticas públicas e leis que visam a proteção da comunidade, como a Lei Estadual n° 7.309/2003, que proíbe e pune atos de discriminação sexual no âmbito do estado da Paraíba, e a Lei Estadual n° 10.895/2017, que dispôe sobre a obrigatoriedade de afixação de cartazes em órgãos públicos e estabelecimentos comerciais, informando que a legislação estadual proíbe e pune atos de discriminação em virtude da orientação sexual.

Agitação no Parque do Povo. Foto: Débora Andrade / Repórter Junino

Em anos de luta por direitos civis fundamentais,  a população LGBTQIA+ conquista avanços significativos, muitos países pelo mundo, inclusive o Brasil,  têm promulgado leis de proteção ao direito da comunidade, como o casamento igualitário e o reconhecimento legal da identidade de gênero de pessoas trans. No entanto, é necessário ressaltar que ainda há muito a ser feito para que alcancemos a plena igualdade.

Que no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+  sejamos capazes de perceber que essa é uma luta coletiva, onde precisamos andar lado a lado, para que mesmo a passos lentos, possamos caminhar para a liberdade.

Comentários