“De volta pro aconchego”: Elba Ramalho ganha exposição no MAAP

Campina Grande, 1 de junho de 2017  ·  Escrito por Andreza Ewelyn, José Pedro da Silva Júnior e Calina Araújo  ·  Editado por Ana Flávia Nóbrega  ·  Fotos de José Ygor
Elba Ramalho observando sua exposição

Elba Ramalho observando sua exposição

Na noite desta quarta-feira (31), foi inaugurada no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAAP), localizado às margens do Açude Velho, a exposição “De volta pro aconchego”, a qual homenageia Elba Ramalho. A solenidade de abertura do espaço da música contou com a participação especial da cantora que veio conferir de perto as homenagens prestadas na exposição composta por uma gama de objetos importantes como vestidos, adereços, troféus, fotografias, vídeos e a discografia completa (disponível para audição), que formam o mosaico dos seus quarenta anos de carreira na vida artística, atuando como cantora e atriz.

Com a presença de figuras ilustres como Poroca e Indaiá do grupo “As Ceguinhas de Campina Grande”, a artista contou, em uma conversa descontraída, algumas das experiências que viveu na companhia de pequenos intervalos preenchidos por músicos que cantaram alguns de seus maiores sucessos, como “Ai que Saudade D’ocê” onde a artista não resistiu e cantou junto.

Elba contou com sorriso no rosto o quão gratificante é ver onde chegou após passar por tantas situações difíceis enquanto corria atrás do seu sonho. A começar por seus dias de luta na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente no Baixo Leblon, que foram marcados por momentos de dificuldades financeiras, chegando até a dormir na praia em busca de uma chance para brilhar. Por outro lado, ela diz que apesar das dificuldades, sempre procurou ter ânimo e bom humor em tudo que faz.

E do baixo, ela vai ao alto quando relembra saudosa da época em que conheceu Zé Ramalho tocando em bailes da cidade, se atraindo mais ainda sobre o ambiente musical. Mais a frente teve o privilégio de ser backing vocal da banda dele e desde ali, Elba Ramalho ganhou o Brasil com sua arte e talento, levando consigo o amor e o orgulho de ser sertaneja.

Elba Ramalho admira os músicos tocando e cantando suas músicas

Elba Ramalho admira os músicos tocando e cantando suas músicas

“Isso aqui que é forró”, diz Elba ao ouvir a música “Lamento Sertanejo”, acompanhada de palmas e do coro da plateia presente. Sua grande preocupação com o cenário da música atual está ligada a memória do brasileiro em relação a ausência do forró tradicional e as grandes referências como o mestre Luiz Gonzaga. Sobre o fenômeno d’O grande encontro (em parceria com Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho), relembra feliz que “atropelou, em termos de popularidade, todas as cidades e espaços em que só os midiáticos do sertanejo e  do forró lotavam. Isso é a prova de que a nossa música ainda não morreu”, conclui.

Ainda no bate-papo, a artista desmentiu os boatos de que ela não gosta da Paraíba, exaltando o seu amor pela rainha da Borborema desde que pôs os pés pela primeira vez na cidade, “Achei Campina Grande uma Nova York, pois aqui tinha de tudo”. E garantiu que faz questão de cantar no Parque do Povo, por mais que outras cidades ofereçam o dobro do cachê, para a cantora, sempre será uma honra fazer parte do nosso São João.

O músico percussionista, Sandro Dupan, que também desenvolve trabalhos de pesquisas junto a curadoria, revelou que já era um desejo antigo do Museu trazer uma exposição com foco nos Ramalhos com a importância de dar o reconhecimento que esses artistas merecem. Destacou também que foi um privilégio ver a escolha das peças ali presente sendo escolhidas por pessoas tão importantes como a própria Elba que teve o cuidado de ver de perto o que estava acontecendo.

Ainda no espaço da música o visitante pode encontrar informações acercas do cantor Zé Ramalho e do compositor Luiz Ramalho, ambos em conjunto com as peças da vida de Elba Ramalho. Nos demais espaços do MAAP, o público ainda pode se beneficiar com mais duas salas com elementos artísticos dos outros homenageados. A sala do artesanato, denominada “Raízes Do Futuro” tem destaque para peças de cerâmica, barro, madeira, algodão, couro e outros elementos, e a sala da literatura de cordel também ganha uma nova exposição com o título “Em Cena: Lourdes Nunes Ramalho” onde apresenta a vida da teatróloga repleta de fotos, livros, cordéis, documentos, manuscritos e até mesmo a sua máquina de escrever.

O museu localizado às margens do Açude velho, reabre suas portas para o público neste mês de junho em horário especial devido ao grande fluxo de turistas. De terça à domingo, das 8hrs às 20hrs. Lembrando que todo visitante é acompanhado por monitores preparados para sanar dúvidas e guiá-los por toda a exposição.

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