Feira de mangaio – Tradição que sobrevive à modernidade

Campina Grande, 10 de junho de 2018  ·  Escrito por Inaldete Almeida  ·  Editado por Maryanne Paulino  ·  Fotos de Inaldete Almeida

A cada ano, centenas de turistas aproveitam a festa do Maior São João do Mundo para conhecer melhor os nossos costumes e particularidades. Lá se encontra a maior diversidade cultural do nosso povo, e é possível apreciar  culinária, artesanato, moda, literatura de cordel e muitas outras tradições que passam de geração em geração.

Banco de mangaio - feira central

Banco de mangaio – feira central

Um dos maiores exemplos de nossa riqueza cultural é o comércio de mangaio, que ficou eternizado na canção “Feira de Mangaio”, de Sivuca, cantada por Clara Nunes. Apesar de estar meio esquecido, ainda consegue manter os mesmos moldes do tempo áureo.

Os armazéns de mangaio surgiram para atender às necessidades da população que vinha da zona rural, oferecendo alpercatas de couro, ancoretas para água, bornás, arreio de cangalha” e muitos outros utensílios  que para muitos não fazem o menor sentido, mas para o homem da roça era indispensável.

Mesmo com toda modernidade, o mangaio ainda é administrado por algumas pessoas da mesma forma de 50 anos atrás, como o comerciante José Farias, de 71 anos, que há 57 trabalha com esse tipo de comércio. “Comecei como empregado, mas em pouco tempo consegui comprar meu próprio armazém e estou até hoje trabalhando do mesmo jeito. Os fregueses é que mudaram: antes era o matuto que vinha comprar fumo de rolo, lata d’àgua, cartucheira… mas hoje vem gente de fora  querendo presentear amigos e parentes”, conta. Alguns armazéns ainda mantêm balanças antigas, onde pesam chumbo e pólvora para fazer recarga de espingardas artesanais utilizadas para prática de pequenas caças.

Balança antiga ainda em uso

Balança antiga ainda em uso

Manter o mangaio é uma tradição familiar, como comprova Ronaldo Cavalcante, 45 anos, comerciário que trabalha como mangaieiro para a mesma família há 35 anos.“Trabalhei com o pai, que manteve o comércio por 50 anos, e depois o filho deu continuidade, sempre seguindo o mesmo estilo. Nossos melhores clientes hoje são turistas de várias regiões do Brasil e também do exterior, que vem no mês de junho e dobram o volume de vendas”, diz. Por isso procura manter o armazém como “uma bodega do interior, como era no passado, oferecendo artigos que possam agradar a esse público que gosta de artigos regionais diferenciados”.

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