Entre composições, poesias, cordéis e livros, Amorim construiu sua arte

Campina Grande, 3 de julho de 2018

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“Luiz, não vá pra rua não, menino! Tu vai receber visita.”, disse dona Maria agoniada porque não podia se levantar para impedi-lo de sair por estar cirurgiada. Dono de uma personalidade  forte, Luiz atrai todos os olhares das pessoas que estavam na sala de sua casa naquele momento. Quem é Luiz? O que ele gosta de fazer? Poderia ele ser um cantador? Pois bem, Luiz construiu uma grande história.

Luiz Amorim nasceu em 16 de março de 1930, no sítio Retiro, em Lagoa de Roça/PB. Filho de Augustinho Correia e Júlia Carlos, gostava de brincar na infância com seus cinco irmãos e de atirar pedra nos galos. Agora, aos 88 anos, recorda as melhores lembranças da época que viveu no sítio e como surgiu o interesse pela composição de músicas e poemas, até sua vinda para Campina Grande.

Luiz começou a tocar viola ainda na adolescência, aos 16 anos, quando morava na casa de seus pais. Todos os vizinhos ficavam admirados ao ver o jeito que o menino tinha pra música. Este foi um dos motivos que levou o poeta a cantar com viola e ter certeza de que queria seguir sua carreira na música e isso o levou a se apresentar nos sítios das redondezas. Apesar de gostar de compor e cantar, não dava para viver somente de cantoria, segundo ele.

Em 1948, serviu ao Exército na companhia de guarda de Recife. Já em 1958, ingressou na Polícia Militar, onde serviu por 25 anos. Foi durante o período que de quartel que retornou a compor músicas e conheceu o cantador, Pinto de Monteiro, resultando na composição de mais de 40 músicas, entre elas: “Flor de Maracujá”, interpretada por sua filha, Inaldete Almeida, “Fazedor de Feira”, cantada por Ton Oliveira e “Feira Feita”, outra versão, interpretada por Fubá de Taperoá.

Inaldete Amorim atribui ao seu pai, a escolha por também seguir a carreira artística. Pai e filha sempre tiveram uma aproximação maior devido a música e pela companhia fraterna nas apresentações musicais.“O meu pai foi tudo, desde pequenininha eu tinha que aprender as músicas dele. […] eu herdei essa veia musical dele com muito orgulho”, observou ela.

O Pró-Reitor de cultura da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Cristóvão de Andrade, é sobrinho do poeta e também acompanhou o tio em suas apresentações. Ele lembra: “quando criança meu tio nos levava para as atividades de cantoria e todo mundo se envolvia, tia Maria Amorim, Inaldete e eu. A gente era obrigado a levar batuque, cartazes e chocalho. Isso em grandes festivais. Essas coisas permitiram conhecer o que ele estava escrevendo e a partir daí surgiu a nossa paixão por encaminhar essas atividades.”, afirmou Andrade.

Luiz Amorim também escreveu cordéis e três livros. Lançou um livro de poesias, “Glosas de um cantador”, no qual sua bibliografia foi escrita pelo poeta, já falecido, José Laurentino, grande amigo de Luiz. Hoje, o patriarca da família Amorim continua escrevendo seus versos, mas com pouca frequência, porque não tem mais força nas mãos. Todo domingo frequenta a Casa do Cantador, e assim  permanece, aquecendo o coração de seus admiradores com suas belas palavras. Como forma de agradecimento por todos os que passaram em sua vida, o próprio Luiz relata: “os violeiros me guardaram no coração e hoje todos morreram: Pedro Pereira, Apolonio Cardoso e Pedro Amorim, meu primo”. [Com um olhar de orgulho pela passagem de todos, Luiz sorri].

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