Duas vertentes aparentemente tão distintas, caminhavam juntas e acabaram por se distanciar ao longo dos anos. O que era tradição, comemoração e homenagem ao santo que dá nome a festa, pela colheita foi se tornando esquecido e pela as novas gerações, nem mais lembrado o motivo pelo o qual se faz suas fogueiras. A religiosidade era o motivo da festa de São João. Os agricultores faziam fogueiras para festejar a colheita e agradecer. Agradecer aos santos por intercederem. Por olhar por eles.
Seus trajes eram e são característicos. O povo nordestino e sertanejo tem sua marca. Sua identidade. Xadrez, chapéu de couro, xita e comida de milho. Estas são algumas das características que lhe são próprias.
Porém, através das gerações, suas tradições foram se perdendo e perdendo seu sentido. O que era profano se tornou majoritário e no Maior São João do Mundo o que mais se via era aquilo o que a igreja chamava de profano, no que diz respeito aquilo que agora encabeçavam a festa. E com o passar dos anos o evento foi ganhando ares de modernidade e fugindo ainda mais do que lhe era regional, o que acabou ocasionando uma descaracterização no evento que é propriamente conhecido por suas manifestações culturais e religiosas.
O profano e o sagrado
Enxergando através deste olhar de perda, a produção do Maior São João do Mundo em parceria com a Diocese de Campina Grande, iniciou em 2013 o projeto “Fé e Cultura”, que faz um trabalho de resgate histórico, através da inserção de uma programação que acolhe novamente a religiosidade que lhe é própria. Desde sua vigésima quinta edição, o evento tem algumas noites de sua programação marcadas por evangelização e mensagens de fé.
Católicos e protestantes foram acolhidos pelo o evento e convidados pela religiosidade manifestada para o público através de canções e testemunhos. Pelo palco já passaram missionários como Padre Fábio de Melo, Padre Reginaldo Manzotti e neste ano, o evento trouxe para o povo Débora Almeida, Forró Celestial, Padre Nilson Nunes e sua tradicional missa da Luz, Livian Farias, Atos 2, Camila Holanda, Thiago Brado e Eliana Ribeiro.
“Esse foi um meio de agregar a religião e a festa em um só lugar. E apesar da limitação de horário, eu gostei bastante”, comentou Elaine Cristina, 28, serva do grupo de oração Ordem de Batalha que acontece na Comunidade Virgem dos Pobres, Araxá.
Para muitos, a força da fé tem motivado a participação ativa nos shows que acontecem no palco principal. Agradecimentos, louvores e preces reunidos num mesmo ambiente em união, nos fazendo lembrar das preces que originaram esta data que é fixa no calendário anual do país.
Neste ano, o projeto se encerrou numa quarta-feira de noite estrelada ao som da cantora católica Eliana Ribeiro, que com felicidade, fé e emoção levou o público a entoar com ela suas canções. “A mensagem que deixo é justamente essa: abra seu coração. Não importa as escolhas que você fez em sua vida, Deus sempre tem o seu braço e o seu coração aberto para nos receber de volta”, finalizou.