A história de vida do cantor e compositor Biliu de Campina vai virar filme. Famoso pela irreverência e defesa de Jackson do Pandeiro, Biliu aparecerá em um curta metragem resultado de um trabalho de conclusão do Curso de Extensão em Documentário da Universidade Estadual da Paraíba, ministrado pelo cineasta André da Costa Pinto, no Departamento de Comunicação Social. O curta de 15 minutos de duração terá o título “Biliu: O maior carrego do Brasil”. O filme é a estréia da jornalista e cientista social, Laudilene Barboza, no campo audiovisual.

A produção vai contar um pouco mais da vida e obra do artista Severino Xavier, mais conhecido como Biliu de Campina, retratando inclusive seu dia-a-dia.  Segundo Laudilene, a proposta do filme é mostrar um lado do cantor que poucas pessoas conhecem. “Nós queremos mostrar Biliu como ele é na sua essência, sua história de vida, seus sonhos, suas realizações”. No documentário, familiares, amigos e artistas da música local irão dar depoimento sobre o artista. As gravações aconteceram em Campina Grande e o filme está em fase de finalização para lançamento em julho.

Nascido em Campina Grande, Biliu é advogado, cantor, compositor e estudioso das manifestações culturais do Nordeste e tem uma postura forte em relação às raízes musicais musica local,  por isso é considerado referência na cultura da região. O cantor transita pelas ruas de Campina tranqüilamente. Seu forró tem toda a essência dos tradicionais.

Suas músicas se destacam nos ritmos coco, xote, baião e xaxado com um suingue característico dos discípulos de Jackson do Pandeiro e uma irreverência no duplo sentido das letras que mostram bem o bom humor nordestino.  “Fico muito feliz em ver que jovens estudantes sabem beber da fonte, sabem pesquisar e mostrar o que tem de bom na cultura local. Tudo isso é um reconhecimento pelo que eu representei, represento e vou continuar representando”, afirma Biliu.

Em entrevista ao Repórter Junino Laudilene Barboza contou um pouco de como foi produzir um filme sobre essa figura irreverente no cenário cultural de Campina Grande. 

Repórter Junino – De onde surgiu a ideia de escolher Biliu para ser personagem do Documentário?

Lau Barboza– No curso tínhamos que escolher um tema para desenvolver um bom argumento, o professor André Costa sempre falava que esse tema deveria ser sobre algo que nós nos identificássemos. Como gosto muito de forró tradicional pensei logo em Biliu de Campina. Pela postura em defender as nossas raízes, o forró “Pé e cabeça de serra”, como ele mesmo diz. Além do discurso de Biliu ser muito bom e irreverente, ele é uma figura extraordinária suas músicas são cheias de neologismos e seus estudos sobre os ritmos nordestinos encantam.

RJ– Como o cantor reagiu com o convite? O que vocês aprenderam com ele?

Lau Barboza- Ele concordou logo na primeira conversa. A partir daí começamos o processo de pesquisa. Conversei várias vezes com ele e com suas irmãs dona Corrinha e Mércia. Elas abriram as portas da sua casa e revelaram um pouco da vida, fotos e histórias do cantor. Pra quem não conhece Biliu na intimidade, ele pode parecer um pouco fechado, mas depois que você convive vai ver que ele é uma pessoa maravilhosa, simples, de bem com a vida, educado, prestativo, contador de histórias, mas sempre falando o que pensa. Aprendemos muito com ele, pela vida simples que leva, pela figura e importância que tem para sua família e amigos, a honestidade que passa e o que representa para a cultura.

RJ- Como foram as gravações? Em quais locações aconteceram?

Lau Braboza- As gravações aconteceram em Campina Grande. A equipe estava toda empenhada para fazer o melhor. A produtora Quebra Panela colocou seus melhores profissionais à disposição. As locações foram escolhidas de acordo com o dia-a-dia de Biliu e os locais mais significativos para ele. Gravamos na casa dele com as irmãs, no sítio que ele tem no Lucas, no calçadão da Cardoso Vieira (local frequentado por Biliu todos os dias), Parque do Povo e Sítio São João. Depoimentos de cantores como João Gonçalves, Abdias, Sandra Belê, Baixinho do Pandeiro e Toninho Borbo vão abrilhantar nosso documentário.

RJ- Para produzir o filme quais foram às dificuldades encontradas? Comente como foi a experiência de vocês.

Lau Barboza- A experiência foi maravilhosa. Nós só temos a agradecer a UEPB por oferecer um curso exclusivamente de Produção em Documentário. Nós passamos por todos os processos de produção de um filme, desde aulas teóricas, exibição de filmes, pré-produção, produção e pós-produção. A dificuldade maior que encontramos foi a questão do patrocínio. Nós já visitamos várias empresas e lojas da cidade e até agora não temos um patrocinador. Aproveito o espaço para pedir que se algum empresário se interessar pelo patrocínio do nosso filme que entre em contato com a nossa produtora executiva, Cristiane Leandro, através do telefone (83) 8819-1128.

Ficha técnica:

Roteiro e Direçao- Lau Barboza
Produtora Executiva- Cristiane Leandro
Assistente de Direçao- Thiago Lopes
Produçao- Kelly Synara
Still-Sandro Mangueira
Diretor de Fotografia- Bernardo Hennys
Assistente de luz- Felipe Larovato
Diretor de áudio- Natan Cirino
Ediçao- Renato Hennys

[Edição Fernando Firmino da Silva]