O cangaço e suas representações culturais

Campina Grande, 30 de maio de 2012

Quem nunca ouviu falar de  Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião? Conhecido como o cangaceiro que aterrorizou o sertão do nordeste entre os anos de 1916 e 1938, Lampião também tinha muito talento para a alfaiataria. Até os 21 anos de idade ele trabalhava com artesanato, e se destacava costurando couro e tecidos.

Todas as características das vestimentas dos cangaceiros do bando de Lampião, eram fruto de sua criatividade e talento. As roupas coloridas e os enfeites são detalhes marcantes nos trajes e utensílios do bando do Rei do Cangaço, que não gostava de ser confundido com os cangaceiros comuns. Segundo o historiador Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Estrelas de couro- A Estética do Cangaço”, Lampião revolucionou a estética e a moda do cangaço, impondo um estilo próprio de vestuário.  “Eles utilizavam as cores como forma de identificação, fazendo com que fossem facilmente reconhecidos. Dessa forma lançaram um visual totalmente próprio e autêntico”, afirma o historiador.

O cangaço deixou uma forte influência nas formas de representação cultural, e atualmente está presente em vários segmentos da cultura popular nordestina, como nas músicas, no artesanato, no cinema, entre tantos outros que fazem parte do cotidiano popular.

Nas festividades juninas do nordeste brasileiro, a cultura do cangaço  sempre é relembrada. Durante o Maior São João do Mundo, essa realidade não é diferente, além das apresentações das quadrilhas e grupos folclóricos, os cangaceiros  também são representados através do artesanato. Das mãos dos artesãos de Campina Grande surgem os elementos figurativos que representam o cangaço. É nesse contexto que a cultura popular nordestina é ressaltada, pois as representações culturais se misturam no clima das festividades.

O artesão Biagio Grisi que tem uma loja na Vila do Artesão, se destaca pela exclusividade de produção de réplicas dos chapéus utilizados por Lampião nos anos 1934, 1936 e 1938. Cada réplica é vendida pelo preço de R$ 250,00. Ele também produz réplicas das roupas que eram utilizadas por Lampião e Maria Bonita e alguns utensílios como perneiras, cartucheiras e cintas. Além de sua loja na Vila do artesão, Biagio também comercializa seus produtos pela internet através do site www.furlao.elo7.com.br. É produzindo artesanalmante algumas peças que ele tenta promover a cultura nordestina, e resgata as raízes do. “A importância maior é divulgar uma cultura que é conhecida no mundo todo”, diz o artesão.

Os elementos representativos dos cangaceiros nos mais diversos segmentos da cultura popular fazem com que as tradições e memórias de Lampião e seu bando se mantenham vivas. Através dos diversos produtos culturais é que as pessoas observam a identidade e riqueza de sua cultura.

 

Edição: Roberta Lucena
Imagem: Acervo do Repórter Junino

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