O Fole Roncou! Em Campina, Musical conta e canta a história do forró

Campina Grande, 17 de junho de 2016  ·  Escrito por Beatriz Vieira e Emanuelle Carvalho  ·  Editado por Anthony Souza  ·  Fotos de Rondinelle de Paula
Apresentação teatral conta a história do forró no Teatro Municipal Severino Cabral

Apresentação teatral conta a história do forró no Teatro Municipal Severino Cabral

A noite da última quinta-feira (16) foi marcada pela irreverência, emoção e muito forró na estreia do musical nacional “O Fole Roncou! Uma história do forró”, no teatro Municipal Severino Cabral. Inspirado no livro homônimo de Carlos Macedo e Rosualdo Rodrigues, o espetáculo mergulha no universo das canções que marcaram o pilar do baião, um dos ritmos mais populares do Brasil.

Espetáculo conta a história do forró na cidade do Maior São João do Mundo

Espetáculo conta a história do forró na cidade do Maior São João do Mundo

Com casa cheia e uma plateia diversificada, a sessão iniciou às 21h. Tendo o roteiro fictício adaptado por Sérgio Maggio e Rosualdo Rodrigues, o espetáculo acontece em dois atos, tendo a história de Clemente Ferreira da Silva, um rapaz que sobrevive a seca no Nordeste dos anos 1950, como fio condutor. Clemente, interpretado pelos atores Rudnei Silveira e Luiz Felipe Ferreira, migrou para São Paulo e se tornou Clemente do Forró, um importante radialista da época em que o rádio era um dos veículos de comunicação mais relevantes no país.

Bailarinos e atores se alternam na narrativa para dar seus testemunhos, acentuados pela teatralidade, astúcia e humor típicos do povo nordestino. A direção musical é de Dudu Alves, com arranjos exclusivos do Quinteto Violado para o musical, passeando por clássicos do xote, xaxado e baião como Asa Branca, Xote das Meninas, Feira de Mangaio e Sala de Reboco. A coreografia de Leila Nascimento destaca ainda mais as batidas do xaxado e do xote, tudo com a participação do Balé Flor do Cerrado, grupo de dança que mistura os ritmos tradicionais da cultura popular aos elementos do balé clássico e da dança contemporânea, enriquecendo mais a cena.

Espetáculo acontece em Campina Grande durante o São João

Espetáculo acontece em Campina Grande durante o São João

Homenagens feitas para Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda e Cremilda foram um dos momentos marcantes do musical, representando todos aqueles que fizeram e ainda fazem o forró persistir. Marcos Farias, filho de Marinês, prestigiou a estreia e comentou da grandiosidade do espetáculo e da honra em ter o nome de sua mãe enaltecido nele. “As pessoas não têm noção da força que Campina Grande tem – tanto na música quanto na cultura nordestina em si. Podemos ver bailarinos, atores e produtores de fora enaltecendo o que é nosso, o meu desejo é que os nossos jovens, atores e músicos se comovam e que mantenham vivo dentre deles o desejo de levar a nossa cultura adiante”, comentou Marcos, elogiando o espetáculo.

A concepção artística é da produtora cultural, Edilane Oliveira, paraibana de coração e idealizadora do maior São João do Cerrado, o terceiro maior festival do gênero no país. Ao contar das dificuldades que o forró enfrentava em competir com outros ritmos musicais dos anos 50/60 no cenário da música nacional, o espetáculo mostra que isto ainda acontece nos dias atuais, quando esta resiste em meio às mudanças acrescidas ao gênero, como as batidas eletrônicas. Para Edilane, a relevância do musical é despertar no público uma reflexão sobre a verdadeira essência do forró e fazer com que essa memória cultural não seja esquecida.

A irreverência marcou o espetáculo que teve início nessa quinta (16)

A irreverência marcou o espetáculo que teve início nessa quinta (16)

O espetáculo se mostra atual e um dos pontos fortes é o momento onde a personagem Cremilda, interpretada por Louise Portela, entra cantando a música Prenda o Tadeu,  e outras personagens entram em cena exibindo cartazes “Sou minha e não de quem quiser”, “Mulher nasceu para ser valorizada e não pisada!”. O momento foi bastante aplaudido pela plateia, principalmente a feminina, onde fica claro que mesmo dentro de uma abordagem totalmente diferente é possível reivindicar o direito das mulheres..

Até 03 de julho, serão 18 apresentações em Campina, sendo duas em 18 e 19, nos distritos de Galante e São José da Mata, respectivamente. Nos dias 25 e 26 de junho, o espetáculo se apresentará na Pirâmide do Parque do Povo. Edilane considera a Pirâmide como uma espécie de santuário das quadrilhas juninas. Perguntada sobre as expectativas para as apresentações nestes dois dias, ela respondeu: “vai ser um teatro de arena lindo. É um desafio, mas vai ser divertidíssimo; a grande beleza em se trabalhar com cultura nesse país é que, quando você considera a cultura como diversão, é uma alegria fazer esse trabalho.”

O musical volta a se apresentar no palco do Teatro Municipal nos dias 21, 22, 23, 28, 29 e 30 de junho, e nos dias 01, 02 e 03 de julho. Após um intervalo de uma semana e meia, no final de julho, eles retornarão para outras quatro apresentações que encerrarão a turnê pela cidade.

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