Fuxico, Renda Renascença e Algodão Colorido: As texturas do São João

Campina Grande, 2 de julho de 2023

As técnicas têxteis típicas do interior nordestino são passadas de geração em geração.

Repórter: Matheus Farias

Fotógrafo: Matheus Farias

Editora: Alberta Figueirêdo 

O São João é feito de cores, sensações e sabores que encantam aqueles que vêm dos mais variados cantos do mundo e que apreciam as festas juninas do Nordeste. Esses festejos são populares por vários motivos, sendo um deles a estética, ou seja, os elementos visuais que reforçam características da cultura e que estão presentes nos tecidos feitos de fuxico, renda renascença e algodão colorido. Artes que podem ser encontradas no 36ª Salão do Artesanato em Campina Grande.

A técnica do fuxico possui pelo menos 150 anos e tem ganhado cada vez mais adeptos no mundo da moda. Ele é feito de várias trouxas de tecidos pequenos que juntos formam flores coloridas e enfeita bolsas, tapetes, colares e outras confecções. Maria Alves é de Casserengue – PB e vende produtos feitos com essa técnica.A artesã  explica o processo de fazer fuxico: “Eu corto, depois costuro a primeira vez e em seguida a segunda vez para ficar bem amarradinho. Coleciono as cores e monto as peças. Ensino a fazer também. Já fui para Brasília, Minas Gerais e para a Bienal do Livro em São Paulo ensinar fuxico”. 


Material feito com Fuxico. Foto: Matheus Farias.

Já a renda renascença tem sua origem na cidade de Veneza, região norte da Itália, sendo trazida ao Brasil por freiras européias.  O tecido se popularizando no Nordeste através do trabalho das famosas rendeiras que fazem à mão um bordado bastante delicado que costuma levar horas até ser feito.

Nos traços marcantes da renda, existem os famosos tecidos brancos, mas também  outros feitos com cores como preto, marrom café, laranja e azul. Maria Quitéria é natural de Camalaú – PB e aprendeu o ofício da renascença com as tias. Ela diz que é algo bastante trabalhoso: “Eu faço o molde e passo para outro chamado papel manteiga onde está o esqueleto da peça. Depois,eu vou preencher esse esqueleto com o desenho,ou seja,a trama que nasce da nossa cabeça. Em seguida, pego o desenho e colo num papel mais grosso para dar apoio. Uso uma fita chamada lacê e vou costurar em cima do molde para tecer a renda renascença”.


Vestido feito com Renda Renascença. Foto: Matheus Farias.

Na Paraíba, existem diversas associações de rendeiras que criam os bordados e exportam para vários países. Quitéria explica que na região onde mora existem artesãs que fazem esse ofício, mas se preocupa com o futuro desta arte: “As novas gerações não se interessam mais. É algo passado de geração em geração”. 

Outro tecido típico do Nordeste e que fica em evidência durante o período junino é o algodão que já nasce colorido, resultado de pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária( EMBRAPA). Lizandra Lima trabalha com esse tipo de tecido há 10 anos e relata um pouco do processo de confecção das peças em algodão colorido: “No tear, damos o nó fio por fio.É um trabalho bem artesanal”. Esse ofício também atravessa épocas para que as novas gerações conheçam a nordestinidade existente nas texturas do São João.


Almofadas feitas com algodão colorido. Foto: Matheus Farias
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